Este
beco sem a criançada correndo, gritando, se espremendo virou um tremendo lugar
escuro, perigoso, cheio de olhos malvados.
Até
ontem a meninada brincava. Mas hoje, passando por ele, caminho de minha casa,
me deparo com um vazio. Sinto medo. Sinto frio em pleno sol intenso.
O
beco apertado do Calafate acomodava todas as brincadeiras. Desde as ligeiras a demoradas. Quando o
vento estava forte as pipas subiam e desciam nele.
Saímos
do terreiro e pulávamos no beco o dia inteiro. O aperto não nos inquietava. Nos
abraçávamos, nos cumprimentávamos, nos beijávamos. Dada cinco horas nossas mães
gritavam: “Já pra casa, menino!” . E a tristeza batia na nossa animação. Mas isso
foi ontem.
Até
que veio a malandragem e tomou conta do recado. Nele passou a reinar a maldade.
O comando veio comandar. São olhos em
busca de uma nova vítima que nos apreciam na passagem apertada. São bocas famintas que nos chamam. Também reclamam, ameaçam se não lhes damos
atenção que acham merecer.
São
risos disfarçados, olhares fingidos, cautelosos no vai e vem de aviõezinhos. Vigiam, organizam-se, ao passo que desfazem a
pureza de nosso chão.
Assim,
agora, da janela do meu quarto, fico a admirar esse corrimão de barro. Só
observo, preso nessas paredes do meu quarto, nessa solidão. Ninguém, nem o João que era o primeiro a
correr pelas beiradas do beco, não se atreve não.
Escola
Edilson Façanha
Professora: Francisca Freitas
Alan
Alves
Nº 2 / 9°
A.
Junho
de 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário