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Livro Escritores da Periferia

Livro Escritores da Periferia
Uma produção dos alunos da escola Edílson Façanha

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O beco





Este beco sem a criançada correndo, gritando, se espremendo virou um tremendo lugar escuro, perigoso, cheio de olhos malvados.

Até ontem a meninada brincava. Mas hoje, passando por ele, caminho de minha casa, me deparo com um vazio. Sinto medo. Sinto frio em pleno sol intenso.

O beco apertado do Calafate acomodava todas as brincadeiras. Desde as ligeiras a  demoradas.   Quando o vento estava forte as pipas subiam e desciam nele.

Saímos do terreiro e pulávamos no beco o dia inteiro. O aperto não nos inquietava. Nos abraçávamos, nos cumprimentávamos, nos beijávamos. Dada cinco horas nossas mães gritavam:  “Já pra casa, menino!” .  E a tristeza batia na nossa animação. Mas isso foi ontem.

Até que veio a malandragem e tomou conta do recado. Nele passou a reinar a maldade.  O comando veio comandar. São olhos em busca de uma nova vítima que nos apreciam na passagem apertada.  São bocas famintas que  nos chamam.  Também reclamam, ameaçam se não lhes damos atenção que acham merecer.

São risos disfarçados, olhares fingidos, cautelosos no vai e vem de aviõezinhos.  Vigiam, organizam-se, ao passo que desfazem a pureza de nosso chão.

Assim, agora, da janela do meu quarto, fico a admirar esse corrimão de barro.  Só  observo, preso nessas paredes do meu quarto, nessa solidão.  Ninguém, nem o João que era o primeiro a correr pelas beiradas do beco, não se atreve não.



Escola Edilson Façanha

Professora:  Francisca Freitas

Alan  Alves

Nº 2  /   9° A.

Junho de 2016.


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