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Livro Escritores da Periferia

Livro Escritores da Periferia
Uma produção dos alunos da escola Edílson Façanha

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Vermelho laranja




E é assim, quando o sol começa a sumir no horizonte da rua João de Barro, uma movimentação se inicia na sua  pequena praça. Só sei que nessa troca do sol pela lua,  da alegria vem a desgraça.  Em passos lentos, observando  tudo ao meu derredor, vou rumo à padaria tradicional do  seu Zé

- Seu  Zé, por favor, uma fatia de bolo de cenoura com aquele suquinho de laranja!

- É pra já!  Respondeu ele, sorridente.

Já sentada, saboreando a fatia, concentro-me mais  ainda na movimentação. A praça me chamava atenção! Meu olhar se ia e se vinha  entre manobras , gols,  brincadeiras, zoeiras. No meio de todas as idades , as crianças e jovens se entretém. Mas, ao lado esquerdo da praça, há um poste  com a lâmpada apagada.  Escora-se nele um grupo  que para mim é atrevido por demais!

Lá do lado esquerdo, do grupo apertado entre si, em plena boca da noite, pontinhos vermelho-alaranjados, soltam nuvens de fumaça. Sobem devagar, flutuam, indicando perigo.

Isso realmente me intriga. Essa fumaça polui, maldosamente a mente.  Quando está no ar,  toda a gente parece relaxar, mas  depois  vem o agitar e tudo está a amedrontar no meio da criançada  que brinca sem saber a realidade que a cerca.  Pode até  saber, mas não quer saber.

Essa rotina acontece todos os dias na pracinha da João de Barro. Assim, nem o próprio passarinho João de Barro consegue voar sobre esse  bairro de fumaça de risco, de dependência. Nossas tardes se vão  entre manobras, gols, brincadeiras, zoeiras embaixo da nuvem de fumaça  branca-acizentada de perdição da inocência e do saudável, que  se forma das pontinhas vermelho-alaranjadas , permanecidas nas mãos do grupo que prefere a escuridão da pracinha.



Andressa Oliveira

9º C    Manhã   nº 02

Professora: Francisca Freitas

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