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Livro Escritores da Periferia

Livro Escritores da Periferia
Uma produção dos alunos da escola Edílson Façanha

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Encontro vertical e horizontal by See-Ac

Planejamento horizontal e planejamento vertical:
duas dimensões que fazem diferença quando o foco é garantir a aprendizagem dos alunos.

Rosana Dutoit
Walter Takemoto

Muitos autores (Shavelson & Stern, 1981; Pérez Gómez, 1983; Del Carmen, 1993) coincidem ao descreverem o planejamento como uma parte prévia ao ensino caracterizada pela preparação daquilo que será posto em prática em sala de aula.
Sabemos que é preciso estabelecer uma programação minuciosa e detalhada do que será trabalhado ao longo do ano com os alunos, para que as situações de ensino tenham foco e o professor saiba por onde está navegando para que chegue ao destino esperado por todos os envolvidos no processo de ensinar e aprender: a aprendizagem de todos os alunos. Autoras como Bassedas, Huguet e Solé afirmam que planejar em qualquer etapa educativa, permite tornar consciente a intencionalidade que preside a intervenção, ou seja: permite dispor de critérios para regular todo o processo de ensino e aprendizagem.
A ideia de planejamento que é defendida nesse texto e nos documentos curriculares da SEE é aquela que supõe, fundamentalmente, a reflexão sobre o que se pretende, sobre como se faz e como se avalia. Uma reflexão que permita fundamentar as decisões que são tomadas e que sejam observadas pela coerência e continuidade. Assim concebido, o planejamento é uma ferramenta na mão do professor, uma ferramenta que lhe permitirá fazer uma previsão sobre o que acontecerá durante a aula; uma ferramenta que permite fazer variações, incorporações, modificações que no momento da prática se mostram necessárias, já que o planejamento deve permitir flexibilidades que autorizem o professor tomar rumos diferentes ao que foi previamente planejado, desde que esteja atento e sensível ao que acontece com seus alunos e consigo mesmo durante o processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, o planejamento não pode ser sinônimo de uma prática rotineira, monótona, especificamente técnica e rígida.
Bassedas junto com suas colaboradoras afirmam que o planejamento é uma ajuda ao pensamento estratégico do professor, sendo um recurso inteligente por meio do qual  ele pode elaborar suas aulas, não fechando nenhum caminho de acesso.
Del Carmen (1993) resume de uma maneira breve os benefícios trazidos pelo planejamento:
×          Permite tomar decisões refletidas e fundamentadas.
×          Ajuda esclarecer o sentido que queremos potencializar dentro do que ensinamos e do que aprendemos.
×          Permite levar em consideração as capacidades e os conhecimentos prévios dos alunos e adaptar a isso a programação de atividades.
×          Esclarece as atividades de ensino que queremos realizar.
×          Permite prever as possíveis dificuldades de cada aluno e orientá-lo com a ajuda necessária.
×          Prepara e prevê os recursos necessários.
×          Conduz a organização do tempo e do espaço.
×          Ajuda a concretizar o tipo de observação que é necessário para avaliar e prever os momentos de fazê-lo.
×           
A autora citada destaca ainda que se admitirmos que as finalidades da educação – favorecer o desenvolvimento do aluno em todas as suas capacidades – alcançam-se mediante o trabalho que se realiza em torno dos conteúdos que fazem parte do currículo, é inegável que a análise e a tomada de decisões sobre o planejamento constituem um elemento indispensável para assegurar a coerência entre o que se pretende e o que se sucede na sala de aula.
Podemos ampliar o que destaca Del Carmen, quando entendemos que também é preciso garantir a coerência entre o que se pretende o e que se sucede na escola em todos os segmentos da escolaridade.
Coerência e continuidade são as palavras chave para justificar a necessidade de considerar duas dimensões do planejamento: a verticalidade e a horizontalidade. Ambas são imprescindíveis para que a coerência e continuidade no processo de ensino e de aprendizagem sejam asseguradas, pois propõem que os professores possam planejar, avaliar e ajustar a prática pedagógica realizada tanto no mesmo ano/série de escolaridade como entre os diferentes anos/séries do Ensino Fundamental I.
Quando os professores de um mesmo ano/série trabalham juntos na definição das capacidades, dos conteúdos e das diferentes modalidades organizativas (atividades permanentes, atividades sequenciadas, projetos didáticos, atividades de sistematização), o planejamento está sendo elaborado horizontalmente.
Se os professores de anos diferentes estão trabalhando juntos na análise dos resultados da aprendizagem dos alunos no ano anterior para que a equipe identifique a verdadeira situação dos alunos e também se os procedimentos e a didática utilizados em sala de aula foram adequados e, a partir daí, comparar as capacidades previstas para cada ano, os conteúdos, os gêneros textuais com o objetivo de definir o que precisa ser retomado tendo como referência o nível de aprendizagem dos alunos de um ano para outro, o planejamento está sendo elaborado verticalmente.
No planejamento vertical ainda propõe-se a revisão dos planejamentos do ano anterior considerando as ações que podem ser planejadas para atender os alunos que não conseguiram atingir as expectativas de aprendizagem previstas para o ano e quais a escola proporá para eles alcacem essas expectativas, com o objetivo de continuar avançando em suas aprendizagens (apoio pedagógico).
Os aspectos relacionados a seguir devem ser necessariamente observados no planejamento horizontal e vertical, embora a forma de lidar com cada um deles efetivamente, dependerá das características que marcam as especificidades dos planejamentos vertical e horizontal.
₋          Identificar as necessidades de aprendizagem dos alunos;
₋          Identificar e relacionar - a partir do diagnóstico dos primeiros dias de aula - quantos e quais alunos não atingiram as expectativas de aprendizagem em cada ano.
₋          Identificar os conteúdos que os alunos apresentam dificuldades e a forma como serão abordados didaticamente;
₋          Fazer um levantamento de boas situações de aprendizagem que atendam as necessidades dos alunos que apresentam dificuldades.
₋          Otimizar o uso dos Cadernos de Orientações Curriculares da SEE;
₋          Prever a elaboração e/ou adoção de instrumentos de acompanhamento da progressão da aprendizagem dos alunos (ex: portfólio, cadernos de registro...);
₋          Identificar e dar continuidade aos projetos didáticos que deram certo no ano anterior adequando-os as características e nível de informação e conhecimento dos grupos de alunos de 2013;
₋          Priorizar o apoio pedagógico desde o início do ano de forma contínua e intensiva;
₋          Incluir projetos de leitura que envolvam toda a escola tendo em vista a melhoria das capacidades leitora e escritora dos alunos.
₋          Garantir junto a equipe gestora da escola situações para o planejamento vertical e horizontal ao longo do ano, para que os professores possam elaborar, observar, analisar e discutir situações didáticas que proporcionam o desenvolvimento das aprendizagens em todas as disciplinas do currículo, além de avaliar e acompanhar o planejamento definido pelo grupo/professor para verificar se há necessidade de replanejar.
₋          Pensar em medidas para assegurar a assiduidade dos alunos, como o controle da frequência.

O cruzamento do planejamento horizontal e vertical revela um ponto crucial para a escola: o quadro atual em que se encontram os alunos e as ações educativas que serão desenvolvidas para que a escola alcance a meta que é ensinar e fazer com que os alunos aprendam.
É essencial que a escola tenha ciência de suas possibilidades, pontos fortes e principalmente suas fragilidades. O planejamento vertical e horizontal quando elaborados com compromisso e seriedade ajudam a indicar onde estão os problemas de ensino e aprendizagem e onde há potencial de sucesso. Esse contexto gera o plano de trabalho pedagógico mais ajustado às necessidades de aprendizagem dos alunos, além de favorecer a potencialização do tempo que as crianças permanecem na escola a favor de melhores níveis de aprendizagem ano a ano.
Além destes aspectos, os professores passam a vivenciar uma experiência coletiva que permite o reconhecimento do ato de ensinar como uma responsabilidade compartilhada, que cabe a todos assumirem. E esse é também um fator determinante para a qualidade da escola: o trabalho coletivo, compartilhado, a troca de experiência, a disseminação das boas práticas, são fatores essenciais para a qualidade do ensino e da aprendizagem e também para que a escola possa efetivamente se transformar em uma organização aprendente.
Por outro lado, essas duas modalidades de planejamento ao se consolidarem como espaço de trabalho, estudo e reflexão entre os professores dos mesmos anos e de anos diferentes, adquire a condição de um espaço formativo fundamental, seja para a formação especifica em uma determinada área ou de conhecimento pedagógico geral, contribuindo para a qualidade da aprendizagem de todos os alunos.

Referências
ALARCÃO, Isabel. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BASSEDAS, Eulália; HUGUET, Teresa; SOLÉ, Isabel. Aprender e Ensinar na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 1999.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO ACRE. Referências Curriculares – 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental. Rio Branco, 1999.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO ACRE e SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE RIO BRANCO. Caderno 1 – Orientações Curriculares para o Ciclo Inicial. Rio Branco-AC, 2009.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO ACRE e SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE RIO BRANCO. Caderno 2 – Para organizar o trabalho pedagógico no Ensino Fundamental. Rio Branco-AC, 2009.



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