Era uma manhã linda. As
flores do campo exalavam perfumes. Ainda sinto o cheiro doce das rosas. O vento
forte vinha de várias direções e os passarinhos estavam mais animados que as
outras manhãs que já vira ali. Estava certa: O lugar em que morava era mesmo um
sonho. Situava-se no interior de Rio Branco, no Acre.
Naquela manhã resolvi fazer o que
mais gostava: pescar. Isso mesmo. Pescar não era somente para os meninos.
Naquela época, na zona rural não tinha praticamente divisão de serviços ou de
brincadeiras. A mulher fazia trabalhos de “macho”. O exemplo disso era minha mãe:
mulher guerreira. Tinha uma “força de Sansão”. Não sei como conseguia ser mãe,
esposa, cozinheira, ajudar na roça, no corte de seringa e até mesmo na caça.
Ela sempre foi minha admiração maior.
Não contei conversa, chamei
meus companheiros de sempre para pescaria: um dos meus irmãos e o colega mais
próximo de nossa “colocação”. Era assim que nomeavam as colônias, ou
fazendinhas. Seguimos rumo ao riozinho do local e claro, aproveitávamos a ida
para subirmos nas árvores e pegarmos algumas frutas. Ficávamos embaixo delas e
comíamos ali mesmo, saboreando o gosto de tudo aquilo tão natural. Nada se
compara a esses momentos que vivi.
Quando chegamos à beira do
riozinho cada um escolheu um lugar mais conveniente para realizar a pescada.
Queria pegar o maior peixe possível, porém, nesse rio o que mais tinha era piaba,
o menor peixe. O maior era a traíra, que para mim seria difícil segurar o anzol
, caso o pegasse. E nessa escolha,
procurei o cantinho mais distante. Desejava que fosse a pescada dos meus
sonhos. Pois toda vez meu irmão e meu colega pegavam mais peixes que eu. Não
queria ficar para trás dessa vez. Não. Chega! Essa manhã é minha.
Eu, pequenina, menina de 08
anos, franzina e indefesa, meio que assustada com os “zumbidos” estranhos no
meio da mata, continuava distante. De repente, ouvi “chiados” e percebi que
viam das folhas secas caídas à beira do riozinho. Não só chiavam como também se
moviam. Mesmo assustada fiquei curiosa. O que seria aquilo? O vento quando leva
as folhas secas, ele o faz com força, que elas chegam a voar, e naquela manhã
acontecia o inverso, elas iam devagar, de mansinho e pareciam cada vez mais próximas de mim. Imediatamente
levantei-me do lugar e fiquei observando, no entanto, as folhas começaram a
“andar” com maior velocidade. Gritei para meu irmão imediatamente.
Fiquei ali, perplexa. Não sabia se
corria ou se continuava parada. O pior é que eu não via nada, apenas as folhas
se movendo. Devia ser o medo que me impedia de ver algo. Nesse instante, meu
irmão chegou juntamente com nosso colega. Lembro que só consegui dizer que as
folhas se mexiam e nada mais. Saí correndo para casa, gritando, assustada.
Deixei o caniço e o anzol. Deixei minha pescaria. Meu desejo de pegar o maior
peixe não se realizou.
Quando meu irmão e nosso
colega chegaram em casa, disseram que resolveram a situação. Mataram-na a
pauladas. Forma que nossa mãe nos ensinou. Ela dizia que quando nos
deparássemos com tal situação, pegássemos um galho maior, que estivesse próximo
para matar à distância. Assim, evitaria dela dar o bote que é a sua principal
defesa. Depois disso, minha mãe não permitiu que eu fosse pescar. Fiquei só na
vontade e com medo das folhas secas que o vento derrubava, quando forte estava.
O problema não era exatamente as folhas. Elas enfeitavam o caminho no meio da
floresta e a beira do riozinho, mas infelizmente, nelas se escondiam os bichos
venenosos.
Aluna: Andressa RogérioDa
Silva. (8º ano E)
Professora: Francisca Freitas Da Silva Pinheiro. /Escola: E. F. Edilson Façanha -Rio Branco – AC. 2014
(Texto baseado na entrevista feita com Rute Lima de Freitas, 43 anos.)
Professora: Francisca Freitas Da Silva Pinheiro. /Escola: E. F. Edilson Façanha -Rio Branco – AC. 2014
(Texto baseado na entrevista feita com Rute Lima de Freitas, 43 anos.)
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