-
Oh, meu Deus! Olha o tamanho dessa espinha no meu rosto. Como irei assim para a
escola?
Aquela
espinha no rosto da vaidosa Tati significava a maior inquietação do dia dela.
Nem as notas baixas em matemática lhe afligiam tanto quanto o pontinho vermelho
e inflamado em sua face de 15 anos. Ele fragilizava a sua beleza.
-
Tati, vamos. Você já está atrasada. Estou lhe esperando.
-
Mãe, não posso ir com a senhora. Tenho algo no rosto que o está deformando.
-
Como assim? Retrucou a mãe, assustada.
-
Mas... isso é apenas uma pequena espinha, Tati.
-
Nada, é um baita de um problema.
-
Tati, com ou sem a espinha você vai para a escola.
Tati,
chateada, andava de um lado para o outro. Pegava um creme, passava no rosto.
Fez uma maquiagem reforçada, mas a espinha continuava ali, incomodando.
Chegando
à escola, ela perdeu o chão à medida que suas colegas se aproximavam . Naquele
momento, seu desejo era esconder o rosto num saco ou num buraco. A menina
transpirava de estresse.
- Tati, o que você tem? Está tão estranha...
-
Ah... está tudo bem, Maria. Não se preocupe. Estou apenas apressada. Respondeu
Tati com voz desanimada. Logo, saiu correndo. Mil coisas passavam na sua mente.
-
Tati, espera! A aula já vai começar. A nossa sala não fica nessa direção.
-
Quem se importa com a aula quando se tem uma espinha enorme no rosto?
Tati,
agitada, se refugiou no banheiro. Talvez lá, ficaria longe dos olhos alheios e
de certos comentários. Falava sozinha.
-
Não vou entrar na sala desse jeito. De maneira alguma. Achando estar sozinha,
se lamenta através da imaginação. Quando de repente quebrou-se o silêncio.
-
Tati, o sino já bateu. Por que você não foi para a sala?
-
Fica difícil, professora Juliana.
-
O que foi? Brigou com o namorado? Levou
uma bronca da sua mãe? Já sei, a mesada foi cortada? Está de castigo sem poder
usar o celular? E por que a mão no
rosto?
Com
tristeza no olhar, Tati, tirando a mão do rosto, mostra seu desespero.
-
Qual é o problema mesmo, Tati? Intrigada, sem perceber a espinha, insiste a
professora.
-
Essa espinha chata. A senhora não está vendo?
-
Nossa, isso não é problema, mocinha. Que exagero para uma simples “carne”
pontudinha e vermelhinha. É normal na sua idade. Todos os adolescentes passam
por isso. Para quê o desespero?
-
Professora, definitivamente essa espinha enfureceu a minha vaidade, a minha
beleza. Faço de tudo para não ficar feia. Já planejei até as cirurgias
plásticas que irei fazer quando adulta for.
-
Que exagero, menina. Pense no seu futuro, na realização profissional, social,
individual e familiar.
Tati
não ouvia os conselhos da professora e insistia:
-
A senhora já teve uma espinha assim?
-
Sim.
-
E como curou?
-
Ah, ela aos poucos foi murchando e sem eu perceber desapareceu.
-
Fique tranquila, nem se nota essa espinha no seu rosto. Vá para a sala de aula.
Tudo bem?
-
Sim. A senhora me convenceu.
-
Isso mesmo, se preocupe mais com o seu conhecimento. Falava Tati para ela mesma.
Depois
de pedir licença, meio desconfiada e inibida, Tati sentou-se no fundo da sala.
Como de rotina era aula de ciências, no primeiro horário de quarta-feira. Ela
fixou os olhos para o quadro e leu, pausadamente: “A alimentação saudável traz
benefícios para a pele”. Seus olhos arregalados e seu semblante assombrado indignaram-se.
-
Aff, essa situação continua me sufocando.
Professora: Francisca Freitas Da Silva Pinheiro.
Escola: E. F. Edilson Façanha -Rio Branco – AC, 2015 .
Nenhum comentário:
Postar um comentário